Recém aprovada no Brasil, e liberada para comercialização pela Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária), a ‘esperada’ insulina inalável será absorvida pelos pulmões do paciente e dispensará as famosas ‘picadas’ que auxiliam no controle do diabetes.

A previsão é que no mês de outubro, algumas farmácias já tenham disponível a insulina inalável, porém os valores ainda não foram divulgados.

Aqui cabe um parênteses, a insulina inalável foi aprovada primeiramente nos Estados Unidos em 2014, e depois em outros países, isto é, estamos atrasados em até 5 anos em relação a outros países com essa nova medicação.

De qualquer forma, aumentam as possibilidades de tratamento para as pessoas portadoras do diabetes, e agora, de uma maneira mais ágil para controlar os índices glicêmicos.

Alguns milhões esperando pela insulina inalável

Estima-se que, só no Brasil, mais de 13 milhões de pessoas vivem com diabetes, ou seja, cerca de 7% da população do país.

O uso da insulina pode ser considerado um dos maiores desafios para os portadores da diabetes. Principalmente porque muitos pacientes vivem literalmente um drama quando é preciso ‘tomar a picada’ para repor o que o organismo não consegue produzir.

Do mesmo modo que o método injetável, a insulina inalável tem o propósito de suprir a falta desse hormônio que deveria ser produzido no pâncreas, e que é o responsável por controlar a quantidade, transformar e levar a glicose até as células do corpo.

Esses são os motivos pelo qual, muitos pacientes estavam tão apreensivos e vivenciando grande expectativa quanto a aprovação dessa nova medicação que tende a facilitar o tratamento.

Alguns casos mais sérios podem requerer até cinco picadas no mesmo dia. Por isso a aprovação da insulina inalável era tão aguardada. Muitos pacientes sonham com o dia que não precisarão mais de várias picadas por dia.

Então, picadas nunca mais?

Não é bem assim… A insulina inalável pode diminuir as picadas, mas não de forma plena.

A principal função da insulina inalável é promover uma ação mais rápida, corrigindo e prevenindo os picos de hiperglicemia.

Não poderá substituir, por exemplo, a insulina basal, que deverá continuar sendo aplicada via injeção.

Além disso, as picadas para controle e aferição da glicemia ainda terão que continuar, e em alguns casos, várias vezes ao dia.

Mas, como os estudos estão em constante avanço, como se mostra pela insulina inalável, é possível que no futuro, os pacientes com diabetes tenham outras opções para ‘combater as picadas’.

Como é, e como funciona a insulina inalável?

A insulina inalável será comercializada em pó, em cartuchos com três tipos de dosagem.

Sua utilização será através de um inalador, onde se encaixam os cartuchos, para aspirar o pó até o pulmão, sendo absorvida depois pela corrente sanguínea, reduzindo rapidamente os níveis de glicemia.

É estimado um tempo de 10 minutos para a insulina inalável ser absorvida pela corrente sanguínea, com pico de ação no décimo quinto minuto, frente a um efeito entre 30 e 40 minutos dos métodos injetáveis mais ágeis existentes no mercado.

Outra diferença é a duração do efeito. Enquanto as injetáveis duram entre 4 e 5 horas, a insulina inalável tem efeito estimado entre 2 e 3 horas, o que é bom, pois o intervalo da ação é mais curto, diminuindo a chance de intercalar as doses de insulina, o que poderia levar a hipoglicemia.

Como deverá ser ministrada a insulina inalável?

Por se tratar de uma insulina de ação rápida, ela poderá ser administrada antes das refeições, evitando assim o aumento de glicose no sangue durante a alimentação. Nesse ponto sim, ela evita as picadas.

O fato de ser absorvida pelos pulmões torna o uso da insulina inalável mais ágil em termos de ações, do que os métodos injetáveis.

Contraindicações da insulina inalável

Assim como todo medicamento, a insulina inalável também conta com algumas contraindicações:

  • Menores de 18 anos;
  • Pacientes com problemas pulmonares;
  • Pacientes com asma;
  • Fumantes;
  • Pacientes com enfisema;
  • Pacientes com doença pulmonar obstrutiva crônica – DPOC;
  • Pacientes com fibrose pulmonar.

Vale ressaltar, porém, que todos os pacientes que quiserem fazer uso da insulina inalável deverão passar por exames para saber se poderão, ou não, utilizar o novo método de tratamento.

Um dos exames preliminares para saber se o paciente está apto para usar a nova medicação via inalação é o teste de espirometria, que também deverá ser realizado a cada seis meses após o início do uso.

Resumindo…

Para simplificar, vamos expor abaixo as principais vantagens e desvantagens do uso da insulina inalável.

Prós:

  • Ação mais rápida, podendo, em tese, ser administrada antes ou pouco tempo depois das refeições;
  • Diminuição do tempo de ação;
  • Ausência das picadas antes das refeições;
  • Tecnologia que não permite que a insulina seja absorvida por mucosas.

Contras:

  • Não substitui completamente as picadas, tem ressalvas;
  • Não indicado a pacientes com doenças pulmonares e menores de 18 anos;
  • Preço elevado (essa é a nossa previsão).