A relação entre obesidade e câncer de mama é uma discussão bastante recente e importante, especialmente ao se falar sobre o Outubro Rosa, o mês da conscientização em relação ao diagnóstico precoce do tumor mamário.

Pesquisas recentes e especialistas têm trabalhado para encontrar provas de que existe uma importante conexão, fazendo com que os cuidados para evitar que uma das doenças que mais causa problemas em todo o mundo faça mais vítimas.

A obesidade afeta quase 20% de toda a população brasileira, segundo dados de uma pesquisa recente da Vigitel. Vamos entender mais sobre como ela afeta o câncer de mama.

Relação entre a obesidade e câncer de mama

Diversos estudos demonstraram que, de fato, há uma conexão perigosa entre excesso de peso e tumor na glândula mamária.

Segundo uma pesquisa feita na Dinamarca e outros estudos estudos, existe uma produção de hormônios que é estimulada pela obesidade e que, quando se mostra excessiva, certamente é capaz de aumentar as chances de que o câncer de mama se desenvolva.

Por isso, ainda que algumas pesquisas realizadas pelo International Breast Cancer Study Group não tenham encontrado uma relação direta entre as duas doenças, é essencial ficar atento sobre o assunto.

Sabemos, então, que a obesidade pode potencialmente aumentar o risco de câncer de mama. Mas será que a perda de peso traria algum efeito protetor sobre esse risco? 

Foi o que tentaram responder alguns estudos. Um estudo de coorte prospectivo publicado no JAMA em 2006, mostrou que a perda de peso na idade adulta tem sido associada a um menor risco de câncer de mama. O estudo sugere que a perda de peso após os 18 anos ou mesmo após a menopausa reduz o risco de câncer de mama na pós menopausa,.com associações mais fortes em mulheres que nunca usaram terapia de reposição hormonal.

Além disso, dois estudos de coorte prospectivos que incluíram 4047 e 16.038 pacientes obesos, respectivamente, relataram que a cirurgia bariátrica resultou em uma redução de peso e foi associada à incidência reduzida de câncer em mulheres obesas, mas não teve efeitos significativos nos homens. Da mesma forma, um estudo de coorte prospectivo que incluiu 1035 pacientes submetidos à cirurgia bariátrica e 5746 controles relataram uma incidência reduzida de câncer de mama 5 anos após cirurgia bariátrica. 

Apesar dos dados conflitantes, é inegável que existem conexões não apenas entre obesidade e câncer de mama, sendo o excesso de peso também relacionado a outros tipos de cânceres, como o de útero, cólon, rim, esôfago e endométrio.

Em suma, nem mesmo a contradição entre os resultados de pesquisas que falam sobre obesidade e câncer de mama pode desmentir o fato de que o excesso de peso é extremamente nocivo e deve ser combatido.

Obesidade em mulheres

As mulheres brasileiras tendem a apresentar riscos ainda maiores ao se falar da obesidade na menopausa, uma vez que é nesse período que elas se tornam mais propensas a desenvolverem os cânceres acima citados.

É considerada obesa a mulher com IMC (índice de massa corporal) acima de 30, mas especialistas também se tornam cada vez mais cientes de que apenas essa métrica não é suficiente para se falar sobre a obesidade.

Porém, em estudos pontuais, aquelas que estavam dentro dessa taxa tendiam a apresentar tumores mais agressivos e maiores.

Esse levantamento foi feito através de um estudo dinamarquês que acompanhou quase 19.000 mulheres por 30 anos. Através dessa pesquisa também foi possível identificar que mulheres obesas tiveram taxas de mortalidade 46% maiores no que diz respeito ao câncer de mama.

Não se pode falar entre relação causa-efeito, no entanto os estudos apontam para uma associação entre obesidade e câncer de mama – e é essencial que, além de apostar em fazer os exames referentes ao diagnóstico precoce do câncer de mama, como o autoexame (toque das mamas), a mamografia e, em alguns casos, a ultrassonografia mamária, as mulheres ainda apostem em cuidar de seu peso.

Formas de combate à obesidade 

Para o combate da obesidade, diversas recomendações da ABESO (Associação Brasileira para o Estudo da Obesidade) podem ser seguidas, tais como:

  • Criar o hábito de beber mais água;
  • Escolher um local adequado para comer;
  • Comer sem distrações;
  • Evitar alimentos processados e ultraprocessados;
  • Preferir alimentos in natura ou minimamente processados;
  • Ter atenção ao excesso de açúcares: incluí-los na dieta de forma equilibrada;
  • Caprichar nas cores no prato: cada nutriente está relacionado a um pigmento ou cor. Ou seja, quanto mais colorido o prato, maior variedade de nutrientes consumidos naquela refeição;
  • Evitar exageros até mesmo nos finais de semana (lembre-se que o seu final de semana corresponde a quase 40% da sua semana);
  • Preferir verduras, frutas e legumes: A Organização Mundial da Saúde e a Organização de Alimentos e Agricultura dos Estados Unidos recomenda um consumo de 400g/dia. De acordo com a pirâmide alimentar adaptada para a população brasileira, o ideal é que sejam consumidas 3 porções de verduras e legumes e 3 porções de frutas por dia;
  • Praticar atividades físicas sem desculpas: escolha a que você mais gosta e comece já!

Conclusão – obesidade e câncer de mama

A conexão entre excesso de peso e tumor na glândula mamária ainda gera algumas controvérsias, mas sem dúvidas demonstra que a obesidade é um fator a ser combatido a nível mundial.

Especialmente em um momento como o Outubro Rosa, em que a conscientização em relação câncer de mama está em alta, é muito importante que seja falado o que já se sabe em relação a esses dois fatores.

Assim sendo, é preciso, não apenas nesse mês, mas em todos, ficar atenta à relação entre obesidade e câncer de mama e apostar em tomar as devidas medidas para que o excesso de peso seja minimizado, especialmente depois da menopausa.